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Doenças da tiroide atingem cerca de 7% da população

Atualizado: 
11/11/2019 - 10:24
As alterações da tiroide são bastante frequentes atingindo entre 4 a 7% da população. Podem ocorrer em qualquer idade, em especial nas mulheres a partir dos 40 anos. Hipertiroidismo, hipotiroidismo, tiroidite ou bócio são as patologias mais comuns. Neste artigo, a endocrinologista Luísa Raimundo explica cada uma delas.

A tiroide é uma pequena glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior e inferior do pescoço, imediatamente abaixo da maçã-de-Adão. Tem dois lobos direito e esquerdo, e cada um mede cerca de 4cm de comprimento e 2 cm de largura.

Tem como função produzir, armazenar e libertar para o sangue as hormonas tiroideias, sendo as principais a T3 e a T4. Estas são indispensáveis para o normal funcionamento do organismo pois controlam o metabolismo, o funcionamento de vários órgãos e o equilíbrio emocional: regulam a temperatura corporal, a frequência cardíaca, pressão arterial, crescimento e desenvolvimento, funcionamento intestinal, peso corporal e estados emocionais.


A tiroide produz e liberta para a circulação sanguínea duas hormonas: 
a triiodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4 ou tiroxina)

As alterações da tiroide são frequentes atingindo 4-7% da população. Podem ocorrer em qualquer idade, em especial nas mulheres a partir dos 40 anos. Podem resultar de efeito de radiações, medicamentos, alimentos ou agressão por anticorpos, mas nem sempre é possível identificar uma causa.

As doenças da tiroideia mais comuns são: as que resultam de níveis anormais das hormonas tiroideias (hipertiroidismo e hipotiroidismo), doenças autoimunes (tiroidite), bócio e nódulos. O cancro da tiroide não é frequente.

Hipertiroidismo – resulta do excesso de produção de T3 e T4.

Nesta situação todo o metabolismo está acelerado. Os principais sintomas são: palpitações (sentir as batidas do coração), nervosismo, irritabilidade, ansiedade, insónias, tremor, perda de peso com apetite aumentado, transpiração excessiva e excesso de calor, diminuição da força muscular, olhar vivo e em alguns casos olhos salientes.

Muitos destes sintomas são comuns a situações de ansiedade pelo que é indispensável a confirmação com análises específicas.

Hipotiroidismo – resulta da produção insuficiente de T3 e T4.

Pode manifestar-se por fadiga, sonolência, aumento da sensibilidade ao frio, pele seca, queda de cabelo, obstipação, irregularidades menstruais, discreto aumento de peso (2-3 Kg), diminuição da frequência cardíaca.

Estes sintomas podem estar presentes em muitas outras situações pelo que o diagnóstico é feito por análises clinicas. Nas grande maioria das situações de obesidade os níveis das hormonas tiroideias são normais e como tal não pode ser atribuída a alterações do funcionamento da tiroide.

Doenças autoimunes – são causadas por anticorpos dirigidos contra a tiroide.

Existem vários tipos de anticorpos. Alguns podem estimular a tiroide e serem causa de hipertiroidismo enquanto outros têm efeito contrário, destruindo a tiroide.

A situação mais frequente é a tiroidite crónica autoimune. A fase inicial é sem sintomas pois os níveis de hormonas tiroideias são normais estando apenas presentes os anticorpos no sangue. Nesta fase a palpação do pescoço permite detetar uma tiroide mais firme e de maiores dimensões. Quando esta agressão persiste a situação pode evoluir para hipotiroidismo.

Bócio – significa tiroide globalmente aumentada de volume. Pode manifestar-se por aumento do pescoço, que pode ser notado pelo próprio ou detetado pela palpação no decurso de uma consulta médica. Apenas quando a tiroide apresenta grandes dimensões pode provocar dificuldade na deglutição e na respiração e por vezes rouquidão.

A ecografia possibilita a caracterização da tiroide quanto às dimensões e à existência de nódulos. O doseamento das hormonas tiroideias permite avaliar o funcionamento da tiroide: normal, excessivo (hipertiroidismo) ou insuficiente (hipotiroidismo).

Nódulos da tiroide – podem ser únicos ou múltiplos e habitualmente são benignos, necessitando apenas de vigilância.

O estudo do nódulo da tiroide exige a realização de análises para avaliar o funcionamento da tiroide, que por norma são normais, ecografia dirigida à tiroide e ainda biopsia com pequena agulha (citologia aspirativa com agulha fina). Este exame que é de fácil realização, é determinante para o diagnóstico pois permite a colheita de células para análise. Nódulos com dimensões até 1 cm não têm indicação para citologia.

A doença da tiroide é muito comum e geralmente benigna. Para a sua caracterização é indispensável o doseamento das hormonas tiroideias e com frequência é importante a realização de ecografia. Apenas quando os níveis de hormonas tiroideias estão alterados é que necessário recorrer a medicação.

Autor: 
Dra. Luísa Raimundo - Endocrinologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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