Mês do Pulmão

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é uma das principais causas de morte em Portugal

Atualizado: 
17/04/2017 - 16:36
Dispneia, falta de ar, tosse ou cansaço respiratório são os principais sintomas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, uma patologia que afeta mais de 600 mil portugueses. Para assinalar o Mês do Pulmão, que se celebra durante o mês de Abril, João Cardoso, diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital de Santa Marta, escreve sobre a doença que afeta sobretudo fumadores e ex-fumadores.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é actualmente uma das principais causas de doença respiratória, limitando a capacidade para as actividades físicas diárias com consequente perda de qualidade de vida, sendo que as suas agudizações resultam muitas vezes em recurso a consultas urgentes, idas ao serviço de urgência ou internamento.

Em Portugal, a DPOC é a 4ª causa de morte e a 2ª por doença respiratória.

A prevalência da DPOC é semelhante à diabetes, a mortalidade durante o internamento é similar à do enfarte do miocárdio e, no entanto, o conhecimento e valorização da DPOC pelos doentes e famílias é incomparavelmente menor que nessas doenças.

A DPOC resulta da exposição a partículas e gases nocivos, principalmente ao fumo do tabaco.

Cerca de 50% dos fumadores vêm a desenvolver DPOC e 90% dos doentes com DPOC são ou foram fumadores.

Os principais sintomas da DPOC são a dispneia, a tosse e a expectoração.  A tosse e expectoração mantida dias ou semanas é sinal de alerta de que algo não está bem com os seus pulmões.

No entanto, é a dispneia, a falta de ar ou o cansaço respiratório o principal sintoma.

As actividades do dia-a-dia passam a ser difíceis de realizar, por pequenos que sejam os esforços, e cada um vai diminuindo a sua actividade (vai pelo elevador em vez de subir a escada) ou alterando o seu padrão de vida tornando-se mais sedentário, entrando-se num círculo vicioso de menor capacidade e consequente menor actividade.

A perda de capacidade para andar ou subir uma rua ou umas escadas, andar mais lento que os amigos porque se fica com a sensação de sufoco, respiração ofegante ou falta de ar devem conduzir a uma consulta médica o mais breve possível.

Nessa altura, deverá realizar um exame da sua função respiratória - uma espirometria - que irá medir a sua capacidade respiratória, comprovar o diagnóstico e avaliar a gravidade da sua DPOC.

O tratamento da DPOC passa em primeiro lugar pela cessação tabágica, pela vacinação anual (gripe e pneumonia), pela promoção e manutenção da actividade física diária e pelo tratamento farmacológico com medicação inalatória de broncodilatadores.

A combinação destes tratamentos resulta em menor probabilidade de agudizações que são episódios responsáveis pela evolução e agravamento da doença.

O tratamento com broncodilatadores por via inalatória é fundamental na melhoria da dispneia e da capacidade de exercício.

Quando a dispneia e o cansaço respiratório são significativos e comprometem a normal vida diária, sob tratamento farmacológico, deve ser instituída reabilitação respiratória, que consiste em efectuar cinesiterapia (“ginástica”) respiratória e programa de treino de exercício. Este tipo de tratamento é muitas vezes crucial para se recuperar a capacidade funcional para as actividades da vida diária.

Infelizmente, na fase mais avançada da DPOC surge a insuficiência respiratória, em que o pulmão já não consegue oxigenar o organismo de forma adequada.

Nesta altura, a DPOC tem de ser tratada com recurso a Oxigenoterapia de Longa Duração (pelo menos 16 horas por dia).

Actualmente, com o desenvolvimento tecnológico existem equipamentos muito leves e portáteis que proporcionam que o doente faça a sua vida do dia-a-dia praticamente sem limitação.

Autor: 
Dr. João Cardoso - Director do Serviço de Pneumologia Hospital de Santa Marta
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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