4ª causa de morte em todo o mundo

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica atinge 800 mil portugueses

Atualizado: 
15/11/2017 - 09:56
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é, neste momento, a quarta causa de morte a nível mundial, afetando cerca de 14% de portugueses com mais de 40 anos. Com uma morbilidade e mortalidade significativas acarreta um elevado peso na saúde pública. A nível europeu representa 6% dos custos diretos das doenças respiratórias. Quanto maior a sua gravidade maiores os custos associados.

A DPOC é definida internacionalmente como uma doença comum, prevenível e tratável, que se caracteriza por sintomas respiratórios persistentes e obstrução das vias aéreas.

Esta limitação crónica das vias aéreas resulta de processos inflamatórios que acabam por conduzir a destruição do parênquima pulmonar (enfisema) ou a lesão nas vias aéreas de menor calibre (bronquiolite obstrutiva). Estas alterações são causadas, na sua maior parte, pelo tabaco (90% dos casos) mas outros fatores como a poluição excessiva (ambiental, profissional ou familiar) ou tabagismo passivo podem ser responsabilizados pela doença.

Ainda é uma doença subdiagnosticada, embora o diagnóstico seja feito através de um exame simples de realizar, reprodutivel e acessível, como é o caso da espirometria. Este exame revela uma obstrução fixa das vias aéreas, após a realização de terapêutica broncodilatadora inalada (FEV1/FVC< 0,7). Muitas vezes, os sintomas respiratórios precedem as alterações espirométricas, e, alguns fumadores apresentam alterações pulmonares sem que estas causem obstrução das vias aéreas.

Perante um adulto de mais de 40 anos, com queixas de dispneia (falta de ar/ esforço para respirar), de agravamento progressivo, que agrava com o esforço ou persistente; tosse crónica seca e/ou com expetoração, com/sem pieira que tenha história de exposição aos fatores de risco, este diagnóstico deve ser considerado.

Nestes casos a realização da espirometria é obrigatória. Estes doentes costumam ter infeções respiratórias mais frequentes. A exacerbação dos sintomas respiratórios, que  pode obrigar a internamento, têm importância para a classificação da DPOC, representando um pior prognóstico/maior gravidade quanto mais frequentes forem.

O tratamento da DPOC passa por três vertentes:

- Cessação tabágica (o primeiro e mais importante passo nos fumadores, no sentido de prevenir o agravamento de alterações já existentes);

- Medicação inalada dirigida para controlo sintomático, redução da frequência e gravidade das exacerbações e melhorar a tolerância ao esforço. Aqui estão incluídas as vacinas (antigripal e antipneumocócica);

- Reabilitação respiratória – programa de fisioterapia com exercícios respiratórios e não só, ajustados á função pulmonar e capacidade física do doente que tem como objetivo reduzir os sintomas e promover a qualidade de vida e autonomia física e emocional do mesmo.

A DPOC coexiste com frequência com outras doenças (comorbilidades) que têm impato no curso da doença e têm de ser tratadas de acordo com as indicações de cada uma.

O cancro do pulmão é frequente nestes doentes e com uma mortalidade importante. Outras comorbilidades comuns são as doenças cardiovasculares como o Enfarte do Miocárdio, Arritmias cardíacas, Insuficiência cardíaca; Diabetes, Osteoporose; depressão.

Atendendo à morbilidade e mortalidade desta doença, torna-se essencial promover acesso à espirometria, cursos de sensibilização dos profissionais de saúde e promoção da cessação tabágica bem como prevenção do hábito.

Autor: 
Dra. Dalila Ferreira – Pneumologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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