Juiz Eurico Reis

Chumbo da gestação de substituição seria “violação dos direitos humanos”

O presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida classificou hoje de “violação dos direitos humanos” a possibilidade de o Tribunal Constitucional chumbar a lei da gestação de substituição, mas mostrou-se esperançado de que tal não aconteça.

Eurico Reis falava no final da tomada de posse, pelo presidente da Assembleia da República, dos membros do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) eleitos pela Assembleia da República e nomeados pelo governo.

Pelo parlamento foram eleitos Carlos Calhaz Jorge, Eurico José Marques dos Reis, Joana Maria Cunha Mesquita Guimarães, Carla Maria de Pinho Rodrigues e Sérgio Manuel Madeira Jorge Castedo.

Foram nomeados pelo Governo Alberto Manuel Barros da Silva, Alexandre Tiedtke Quintanilha, Carlos Plancha e Pedro Alexandre Fernandes Xavier.

No final da cerimónia, Eurico Reis disse que aceitou um terceiro mandato à frente do CNPMA porque “há uma série de projetos que estão apenas iniciados” e que gostaria de os deixar “em velocidade cruzeiro”.

“Infelizmente surgiu agora um problema, que não antecipei, que é a notícia sobre a possibilidade de um chumbo da lei da gestação de substituição pelo Tribunal Constitucional”, afirmou.

“Isto é uma violação dos direitos humanos, de mulheres que têm a força de não se resignar à crueldade da natureza e deixa-me profundamente chocado”, disse o juiz desembargador.

Eurico Reis recordou que, de todos os presidentes da república portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa “é o único perito em direito constitucional”.

“Se ele não mandou a lei para o Tribunal Constitucional, isso foi um sinal que me deixou totalmente tranquilizado”, adiantou.

O juiz desembargador classifica esta possibilidade como “uma perturbação da paz social e da tranquilidade jurídica” e, sobre algumas críticas que diz ter recebido à forma como tem manifestado a sua posição, afirmou: “Não há ninguém acima da crítica nas democracias. O Tribunal Constitucional é um tribunal como os outros e todos têm o direito de exercer o seu direito de crítica, seja com quem for, seja com os juízes dos tribunais comuns ou dos Constitucional”.

“Os juízes não são semideuses e não são aiatolas. São seres humanos escolhidos para determinada função que podem e devem ser criticados”, referiu.

A lei que regula o acesso à gestação de substituição nos casos de ausência de útero, de lesão ou de doença deste órgão que impeça de forma absoluta e definitiva a gravidez, foi publicada em Diário da República, a 22 de agosto de 2016.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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