Escola Superior de Biotecnologia

Católica do Porto em projeto europeu para diminuir risco de toxi-infeções nos consumidores

A Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto está a participar num projeto europeu que visa criar soluções tecnologias e políticas que permitam aos consumidores diminuir os riscos na alimentação, nomeadamente as toxi-infeções.

"Todos os anos são detetados cerca de 23 milhões de novos casos de doenças relacionadas com infeções alimentares e registadas cerca de 500 mortes por alergia, contração de bactérias, parasitas ou toxinas", informou a Escola Superior de Biotecnologia (ESB).

Em Portugal, tal como nos outros países europeus, os agentes responsáveis pelo maior número de toxi-infeções alimentares são a 'Campylobacter' e a 'Salmonella', tendo sido registados, em 2016, 366 e 376 casos, respetivamente, de acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA).

"Apesar do menor número de casos de listeriose [infeção causada pela bactéria 'Listeria monocytogenes'] registados (31), a percentagem de hospitalizações para esta infeção foi de 100%, registando-se, ainda, sete mortes", disse à agência Lusa a investigadora da ESB Paula Teixeira.

Segundo a ESB, as mudanças e reformulações dos padrões de alimentação, a par das alterações das regras de segurança e higiene da indústria, "são cada vez mais rápidas, o que causa uma certa insegurança na população mundial, nomeadamente sobre o que será uma alimentação correta e segura".

Através do projeto SafeConsumE pretende-se desenvolver "estratégias eficazes, sustentáveis e cientificamente validadas", que permitam às autoridades alimentares, à indústria e à comunidade científica ajudar os consumidores na Europa.

Esta iniciativa recebeu, a nível nacional, um financiamento de cerca de 10 milhões de euros, por parte do Horizonte 2020 - programa de investigação e inovação da União Europeia -, que irá permitir à ESB criar ferramentas, tecnologias e produtos.

Dentro dessas tecnologias figuram termómetros de cozinha "mais fáceis de utilizar", equipamentos "mais fáceis de limpar", cozinhas projetadas de forma a minimizar os riscos de contaminação cruzada, produtos de higiene alternativos e materiais educativos, dependendo das necessidades identificadas.

Serão também criadas estratégias de comunicação, programas de educação e modelos políticos "mais dinâmicos, inclusivos e sustentáveis", com vista a garantir a segurança alimentar europeia.

O comportamento do consumidor, avançou Paula Teixeira, é definido como "as ações que afetam o risco de infeção veiculada por alimentos em todas as fases, tanto na escolha ou compra, como no armazenamento e na preparação dos alimentos".

Atualmente, continuou, as estratégias existentes para a mitigação de riscos através de alterações do comportamento do consumidor parecem não estar a ter a eficácia pretendida.

Segundo a especialista, muitos dos casos de toxi-infeção alimentar ocorrem em casa e na sequência de um pequeno número de práticas erradas, mas que, no entanto, essas práticas não decorrem, maioritariamente, da falta de conhecimento.

"Perceber quais são, realmente, as barreiras à adoção de comportamentos seguros permitirá definir as melhores estratégias de comunicação de risco, que irão traduzir-se em alterações de comportamentos e, consequentemente, na diminuição do impacto do problema de saúde pública grave que as toxi-infeções alimentares representam", salientou.

Paula Teixeira defende que a implementação de boas práticas na preparação e na conservação de alimentos contribuirá igualmente para a redução do desperdício alimentar em ambiente doméstico, que tem um efeito ambiental negativo, principalmente ao nível da energia, da água e das matérias-primas.

"As estimativas mais recentes revelam que 70% do desperdício de alimentos ocorre ao nível familiar e está, frequentemente, relacionado com considerações de segurança alimentar. Será seguro consumir determinado alimento? Em caso de dúvida, o consumidor opta por deitar o produto fora", contou.

No SafeConsumE, coordenado pelo NOFIMA (Noruega), participam parceiros de 14 países europeus, destacando-se, a nível nacional, a ESB, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o Ministério da Educação e o Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares da Universidade do Porto (ICETA).

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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