A droga mais popular

Cannabis

Atualizado: 
20/05/2015 - 15:31
A marijuana ou cânhamo índico, cuja denominação científica é Cannabis sativa, actualmente, é cultivada em inúmeras regiões tropicais do planeta. Embora a planta seja constituída por mais de sessenta substâncias activas, a mais potente é a delta-9-tetraidrocanabinol (THC).

Estamos perante uma planta cujo cultivo se adapta a praticamente qualquer clima e uma vez adaptada pode, inclusive, integrar-se num novo ecossistema.

A sua inclusão nos textos de medicina e farmácia é bastante antiga, sendo a primeira referência a da farmacopeia do imperador chinês Shen Nong (cerca de 3.000 anos a.C.).

É, também, citada nos textos sagrados do Hinduísmo, especialmente no Atharva Veda (2.200 anos A.C.), talvez introduzido pelos indo-europeus procedentes da área da cannabis.

No ocidente foi sempre uma planta muito popular, defendida por Diaconides e mais tarde, com muito ardor, por Laguna e Galeno. Em todo o caso, as indicações clínicas, como em todas as velhas farmacopeias, são um pouco confusas à luz dos nossos actuais conhecimentos.

Há três formas de consumo da Cannabis Sativa:

1."Marijuana ou Erva” – Preparada a partir das folhas secas, flores e pequenos troncos da planta;

2."Haxixe" – Prepara-se prensando a resina da planta fêmea e se transforma numa barra de cor castanha, com o nome coloquial de "Chamom". O seu conteúdo em THC (até 20%) é superior ao da Marijuana (de 5% a 10%), pelo que a sua toxicidade é potencialmente maior.

3."Óleo de Cannabis ou Óleo de Haxixe" – Liquido concentrado que se obtém misturando a resina com um dissolvente, como a acetona, o álcool ou a gasolina. Este evapora-se em grande medida e dá lugar a uma mistura viscosa, cujas quantidades em THC são muito elevadas (até 85%).

Efeitos

Os seus efeitos aparecem a curto prazo e variam em função das doses, da potência da cannabis utilizada, da maneira como é fumada, do estado de ânimo e das experiências anteriores.

Efeitos imediatos

Sintomas e sinais físicos:

·Aumento da frequência cardíaca;

·Aumento da pressão arterial sistólica quando se está deitado e a sua diminuição quando se está de pé;

·Congestão dos vasos conjuntivais (olhos vermelhos);

·Dilatação dos brônquios;

·Diminuição da pressão intraocular;

·Fotofobia;

·Tosse;

·Diminuição do lacrimejo.

Sintomas psíquicos:

·Euforia, que aparece minutos depois do consumo;

·Sonolência;

·Fragmentação dos pensamentos e podem surgir ideias paranoides;

·Intensificação da consciência sensorial, maior sensibilidade aos estímulos externos;

·Instabilidade no andar;

·Ação antiemética.

Alteração da memória imediata, assim como da capacidade para a realização de tarefas que requeiram operações múltiplas e variadas, juntando-se a isto reações mais lentas e um défice na aptidão motora, que persistem até 12 horas após o consumo. Isto provoca uma considerável interferência na capacidade de condução de veículos e outras máquinas.

Nas pessoas com pouca experiência e que a ingerem em lugares desconhecidos, os efeitos negativos mais frequentes são sintomas de ansiedade e ataques de pânico. Também, depois da euforia inicial, podem surgir sintomas de depressão.

Em pessoas vulneráveis ou consumidores de doses muito elevadas, pode provocar, em menor grau, um quadro psicótico-alucinatório-delirante agudo. Estes sintomas são mais frequentes nos países onde se consomem produtos potentes em THC. Os transtornos são de breve duração e em geral não é necessária uma assistência especializada.

Efeitos a longo prazo

Efeitos físicos:

·Nos fumadores produz bronquite e asma. O risco de contrair cancro do pulmão é maior, devido ao fumo ser inalado de uma forma mais profunda.

·Os efeitos endócrinos mais destacados são a diminuição da testosterona, inibição reversível da espermatogénese no homem e uma supressão da LH plasmática, que pode originar ciclos anovulatórios na mulher.

·Os filhos das mulheres consumidoras crónicas podem apresentar problemas de comportamento. Produz alterações na resposta imunológica, apesar da sua importância clínica ser desconhecida.

Efeitos psíquicos:

·Nos fumadores crónicos, o consumo pode provocar um empobrecimento da personalidade (apatia, deterioração dos hábitos pessoais, isolamento, passividade e tendência para a distração). Esta situação é semelhante à dos consumidores crónicos de outros depressores do Sistema nervoso Central. Alguns autores denominaram-na como "síndrome amotivacional".

·A existência de uma psicose cannábica crónica é controversa e atualmente admite-se que só apareceria em indivíduos propensos a padecer de algum transtorno psicológico.

Potencial de dependência

Provoca uma síndrome de abstinência leve (ansiedade, irritação, transpiração, tremores, dores musculares). A tolerância só ocorre nos grandes consumidores. Já que o seu mecanismo de ação no sistema nervoso se faz através de recetores específicos, não existe tolerância cruzada com nenhuma outra substância.

Tendo em conta o elevado número de pessoas que consomem derivados da cannabis, são muito poucas as que procuram ajuda para deixar o consumo.
Fonte: 
medipedia.pt
Instituto da Droga e da Toxicodepência
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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