Prevenção é o melhor remédio

Alergias solares

Atualizado: 
18/01/2019 - 15:54
A alergia ao sol é uma reacção do sistema imunológico à exposição da pele à luz solar. É também chamada de erupção cutânea fotoalérgica ou fotodermatose.
Alergias solares

A luz solar, além de ser a principal responsável pelo surgimento do cancro da pele e do envelhecimento cutâneo, pode provocar uma série de doenças, induzidas directamente pela radiação ultra-violeta ou pela exacerbação de reacções provocadas por medicamentos ou produtos químicos, sejam eles aplicados na pele ou de uso sistémico.

Os quadros podem ser desencadeados pela luz solar ou mesmo por fontes luminosas artificiais, como os solários. São várias as doenças incluídas neste grupo e, algumas delas, podem ser extremamente incapacitantes, pois exigem total falta de contacto com a luz do sol para que os seus sintomas não se manifestem.

Estima-se que 5 a 10% das pessoas sofrem de alergia ao sol. Esta doença afecta principalmente as mulheres, sendo que 95% são jovens de 20 a 35 anos.

As fotodermatoses podem ser de causa desconhecida ou idiopática, doenças hereditárias, fotossensibilidade a substâncias químicas exógenas aplicadas na pele ou a medicamentos ingeridos.

Entre as fotodermatoses idiopáticas, a mais frequente é a lucite estival benigna, que ocorre principalmente na mulher jovem: ao 2º ou 3º dia de exposição solar na praia surge, nas zonas habitualmente protegidas do sol (decote, dorso, coxas…), uma comichão intensa e a pele fica vermelha e com pequenas borbulhas que parecem tornar a pele irregular.

A erupção polimorfa à luz é também uma erupção cutânea (pele vermelha com borbulhas) pruriginosa nas zonas expostas ao sol em jovens adultos, que surge recorrentemente na Primavera e melhora ao longo do Verão, desaparecendo quase por completo no Inverno.

As fotodermatoses de etiologia genética são raras, sendo a mais frequente o xeroderma pigmentoso (um caso por milhão de recém-nascidos), em que há um defeito da capacidade de reparação do material genético danificado pelo Sol, pelo que têm uma incidência aumentada de cancros de pele e tem habitualmente uma esperança de vida diminuída. As porfirias são também distúrbios do metabolismo em que há acumulação de substâncias endógenas capazes de desencadear intolerância ao sol.

A fotossensibilidade a substâncias químicas exógenas ocorre no local da pele em que coexiste a substância e há exposição solar. Estas substâncias são produtos de aplicação tópica na pele como perfumes, anti-inflamatórios não esteróides, antimicrobianos, protectores solares e medicamentos de uso sistémico, como anti-inflamatórios não esteróides, antibióticos, ou diuréticos.

Causas
A resposta do organismo à luz solar varia de indivíduo para indivíduo. Os sinais mais graves podem aparecer imediatamente após a exposição, há portanto uma hipersensibilidade imediata. Por outro lado, a hipersensibilidade tardia, menos ofensiva, aparece horas mais tarde à exposição. De referir que a alergia ao sol pode resultar mesmo quando se apanha sol através de uma janela, um pára-brisas ou um guarda-sol.

As alergias ao sol são reacções conhecidas como fotodermatoses cuja origem pode ser diversa: de causa desconhecida ou idiopática (relacionadas com prováveis alterações do sistema de defesa imune), doenças hereditárias (por exemplo acumulação na pele de substâncias “tóxicas” após exposição ao sol), fotossensibilidade a substâncias químicas exógenas aplicadas na pele ou a medicamentos ingeridos. Existem, ainda, doenças cutâneas que agravam com a exposição solar, como o Lúpus Eritematoso.

Diagnóstico
O diagnóstico das fotodermatoses é feito com base no exame clínico - um questionário e o historial clínico do doente ajudam o médico - e por vezes é necessário recorrer a meios auxiliares de diagnóstico, que permitem diferenciar a fotodermatose de outras afecções.

O especialista pode ainda realizar os testes fotoepicutâneos (testes semelhantes aos utilizados no estudo das dermatites de contacto, mas em que as substâncias a testar são expostas aos raios UV) estão entre os vários exames auxiliares disponíveis.

Sintomas
A alergia ao sol pode ser classificada em quatro grupos de acordo com os sintomas e as circunstâncias de surgimento: urticária solar, erupção cutânea fotoalérgica, erupção polimorfa à luz e a fotossensibilidade.

A urticária solar é rara e ocorre minutos após o contacto com o sol. Surge uma placa rosácea, elevada sobre a pele, lembrando a picada de um mosquito. A lesão pode atingir todo o corpo, principalmente nas áreas não cobertas por roupas e desaparece 1-2 horas após, se o doente for para a sombra. As mulheres adultas são as mais frequentemente vulneráveis. Este tipo de alergia cria um verdadeiro transtorno, porque obriga a vítima a permanecer constantemente na sombra mesmo durante suas actividades diárias.

Ao contrário, a erupção cutânea fotoalérgica, aparece nas horas seguintes a exposição aos raios solares com sintomas bem intensos. Ou seja, é caracterizada por inchaços vermelhos, bolhas, ou papúlas acompanhadas por prurido intenso nas partes expostas do corpo como pescoço, mãos e antebraços. Geralmente não aparece no rosto, excepto nos casos graves. Os sintomas persistem por vários dias e repetem-se a cada reexposição.

Quanto à erupção polimorfa à luz, é rara e é causada por uma luz solar de baixa intensidade, após exposição de 30 minutos ou por algumas horas. A pele apresenta vesículas, manchas vermelhas e rosáceas em círculo. Estas lesões de aparência variada surgem no pescoço, rosto, membros ou atrás das orelhas e são acompanhadas de forte prurido. Os sintomas das exposições subsequentes tendem a piorar. Esta condição crónica afecta tanto as mulheres quanto os homens adultos.

A fotossensibilização ocorre pela combinação da acção dos raios solares com a administração por via oral, local, rectal, ou parentérica de produtos alimentares, medicinais ou cosméticos. Manifesta-se pelo aparecimento de erupções cutâneas vermelhas, papulosas ou vesiculosas e muito pruriginosas em toda a superfície da pele. A cor da pele pode tornar-se azul ou acastanhada.

Tratamento
O primeiro procedimento de tratamento é usar e abusar da sombra, ou seja, evitar a exposição directa ao sol. Isto quer dizer que a prevenção é o melhor tratamento da alergia solar. Contudo, o tratamento geralmente é baseado no uso de anti-histamínicos e corticosteróides contra o prurido.

Em caso de erupção cutânea fotoalérgica pode-se prevenir a doença com suplementos alimentares, disponíveis nas farmácias (pergunte ao farmacêutico). Em caso de falha de tratamentos preventivos, o seu médico pode impedir a erupção cutânea com o uso de antimaláricos durante oito dias antes de apanhar sol e, durante os oito primeiros dias de permanência ao sol.

Fonte: 
Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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