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As alergias

Atualizado: 
27/05/2019 - 11:59
A alergia é uma resposta exagerada do organismo a uma substância que as defesas entendem como agressora e tentam eliminá-la. Tosse, espirros, comichão e dificuldade respiratória são alguns dos sintomas.
Alergias

A maior parte das alergias – existem vários tipos de alergia - não têm bem cura, mas é possível controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida

Uma alergia é uma reacção excessiva do nosso organismo a substâncias que ele considera nocivas (ainda que não o sejam). Ou seja, uma reacção normal seria a reacção imunológica na presença de uma substância nociva, no entanto, devido a uma desregulação do sistema imunitário reage com excesso de zelo e provoca as reacções a que chamamos de alergia. Às substâncias (supostamente) nocivas é dado o nome de "alergénios" que quando entram em contacto com as células de defesa começam a produzir enganosamente certos anticorpos, as IgE. Estas procuram um tipo específico de células no corpo, os mastócitos, que se localizam principalmente na pele e nas membranas mucosas do nariz, olhos e traqueia e estão repletas de munições de defesa, denominadas histamina. Assim, quando as IgE se ligam aos mastócitos, estes recebem um sinal para libertarem o seu conteúdo. A histamina é libertada das células e é aí que começam os problemas. A histamina faz aumentar o fluxo de sangue à zona de contacto, a pele e as membranas mucosas incham, aparece uma crescente sensação de comichão, e surgem os sintomas da alergia, tudo na tentativa de afastar os intrusos, os alergénios.

Tipos de alergias

Existe uma variedade incrível de diferentes tipos de alergia: as pessoas podem ser alérgicas a todo o tipo de substâncias e a alergia pode manifestar-se de muitas maneiras.

Ou seja, substâncias que são respiradas (como o pó doméstico), substâncias que se comem (como mexilhões, morangos ou leite), substâncias que contactam com a pele (cremes, raios solares) e substâncias que penetram na pele (como o ferrão de uma abelha ou vespa), todas elas podem trazer problemas alérgicos.

Sintomas das alergias

A altura em que surgem os primeiros sintomas depende de pessoa para pessoa e da(s) substância(s) a que é alérgico. Por exemplo, numa alergia ao pólen os sintomas ocorrem apenas quando existir pólen no ar, já a alergia a animais e pós domésticos podem causar sintomas durante o ano inteiro, se estiver em contacto com estas substâncias. Também os sintomas a alergias alimentares podem surgir a qualquer momento.

O facto de alguns dos sintomas alérgicos serem semelhantes ao de uma constipação/gripe pode-se confundir ambas as entidades. Assim, quando um indivíduo tem rinite alérgica os sintomas mais frequentes são os espirros, olhos vermelhos, nariz entupido e a pingar, tosse e falta de ar.

Caso tenha urticária (alergia cutânea), então o mais habitual é apresentar manchas e comichão e na alergia alimentar as náuseas e vómitos, a diarreia e a falta de ar são os sinais habituais. As náuseas, a diarreia, o inchaço súbito de uma parte do corpo (principalmente lábios, boca ou garganta), a erupção cutânea, dificuldade em respirar, falar ou engolir são sintomas típicos de uma alergia a medicamentos. Por fim, o choque anafilático manifesta-se com ansiedade extrema, inchaço, tonturas, dificuldades em respirar e erupção cutânea.

Saber se é alérgico e a que substâncias

O maior factor de risco para o desenvolvimento de alergias é a história familiar de doenças alérgicas. Quando uma criança tem um dos pais com alergias tem um risco de 20 a -40 por cento de vir a ter alguma doença alérgica, se os dois pais forem alérgicos o risco de ser afectada sobe para 40 a 60 por cento. No entanto, o contacto precoce com os alergénios e certos factores ambientais como a exposição ao fumo do tabaco e a poluição atmosférica parecem desempenhar um papel importante.

O diagnóstico das doenças alérgicas começa pela recolha cuidadosa da história com a descrição dos sintomas e tentativa de estabelecer uma relação entre a exposição a determinadas substâncias e o aparecimento desses sintomas. É também necessária a observação da parte do corpo à qual se referem as queixas.

Depois podem ser realizados testes para as alergias. Existem essencialmente dois tipos de teste, o PRICK teste e o RAST. No primeiro uma gota de solução contendo cada alergénio é colocada na pele, depois pica-se a pele com uma pequena agulha e marca-se a posição de cada alergénio com uma caneta. Se houver reacção forma-se uma pápula que é medida para comparar com o controlo. O RAST consiste na medição no sangue da IgE específica para determinados alergénios.

No caso de alergia alimentar é necessário realizar testes de provocação especiais com o alimento suspeito de provocar a reacção alérgica. Este teste só deve ser feito com vigilância médica.

Tratar as alergias

A maior parte das alergias – existem vários tipos de alergia - não têm bem cura, mas é possível controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida.

A primeira regra para diminuir a sintomatologia é evitar o mais possível estar em contacto com a(s) substância(s) a que é alérgico. Por outro lado, há, actualmente, uma enorme variedade de medicamentos utilizados para aliviar os sintomas. Os anti-histamínicos são o tipo de fármacos mais usados uma vez que bloqueiam a acção da histamina, um dos principais mediadores libertado durante a reacção alérgica e assim diminuem os sintomas. Os corticosteroides são usados para tratar a inflamação em situações crónicas. Outros medicamentos são receitados dependendo da doença alérgica em causa, emolientes para a dermatite/eczema atópico, descongestionantes nasais para a rinite alérgica e broncodilatadores para a asma. O tratamento das doenças alérgicas deve ser individualizado para cada doente e orientado por um médico experiente.

Existe ainda a imunoterapia alérgica – vulgarmente chamada de vacinas para a alergia - é uma forma de tratamento que tem como objectivo diminuir a sensibilidade aos alergénios alterando a resposta imunológica do organismo. Consiste na injecção subcutanêa de quantidades crescentes de alergénios de modo a criar tolerância. O tratamento tem uma longa duração, geralmente 3 a 5 anos. Devido ao risco de reacções adversas deve ser efectuado sob vigilância médica. A imunoterapia é eficaz na asma, rinite e conjuntivite alérgicas e na alergia à picada de insectos. Não é útil no tratamento da dermatite/eczema atópico ou alergias alimentares. Só é recomendada para crianças a partir dos 5 anos de idade.

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Nota: 
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