31 de maio | Dia Mundial Sem Tabaco

85% dos casos de cancro do pulmão devem-se ao tabaco, mas isto não ‘assusta’ os mais jovens

Presidente da Pulmonale afirma que: “os jovens consideram que o tabagismo não os vai afetar num horizonte temporal alargado”

Para Isabel Maria Magalhães, Presidente da Pulmonale, um dos principais problemas no combate ao tabagismo na população jovem está no espaço temporal entre o momento em que se começa a fumar e o aparecimento de doenças graves, como o cancro do pulmão, em que 85% dos casos se deve ao tabaco. Isto porque, explica, “os jovens consideram que o tabagismo não os vai afetar num horizonte temporal alargado”.

São inúmeras as campanhas anti-tabágicas que alertam a população para esta problemática. Contudo, “há um longo caminho a percorrer para que as mesmas se traduzam de facto em ganhos para a sociedade, sendo necessário um modelo de implementação onde os resultados possam ser mensuráveis”. Ainda assim, é nítido para Isabel Maria Magalhães que os portugueses têm vindo, progressivamente, a conhecer os malefícios do tabaco “tradicional” e da exposição ao fumo passivo, mas no que respeita às novas formas de tabagismo, como o cigarro eletrónico e o cigarro aquecido, a informação é ainda pouco esclarecedora e percebida.  

O tabaco está associado ao aparecimento de inúmeras doenças, entre as quais o cancro do pulmão. Com a incidência no nosso país a aumentar, registam-se cerca de 4200 novos casos por ano e é nas mulheres que a incidência mais tem crescido. António Araújo, oncologista, refere que “existe uma relação direta entre o consumo de tabaco (número de anos que se fuma e de cigarros fumados) e o aparecimento de cancro”, alertando também para o risco da exposição ao fumo passivo: “estar exposto permanentemente ao fumo passivo vai aumentar diretamente o risco de desenvolver doença.”

Os dados estatísticos relativos à mortalidade por cancro do pulmão em Portugal não são claros, uma vez que a mesma é contabilizada em grupo com os tumores da laringe, traqueia e brônquios. Ainda assim, segundo as Estatísticas de Saúde de 2016 do INE, este conjunto é entre os tumores malignos o mais mortífero.

No tratamento do cancro do pulmão começam a ser utilizados, em detrimento da quimioterapia, medicamentos dirigidos a alterações genéticas específicas dos tumores, com taxas de resposta superiores a 70% e com boa qualidade de vida. “No fundo, estes medicamentos vieram trazer ao binómio quantidade/qualidade de vida dos nossos doentes um incremento muito significativo”, explica o especialista.

Para além disso e recentemente, surgiu a imunoterapia, que consiste na modelação do sistema imunológico do doente para que seja este a controlar o cancro, uma terapêutica cada vez mais utilizada. “Em vez de tratarmos diretamente o cancro, estimulamos o sistema imunológico do doente para que este lute contra a doença, tratando-se assim de uma mudança no paradigma do tratamento”, explica António Araújo, acrescentando ainda que, embora apenas 30 a 35% dos doentes respondam positivamente a este tratamento, os que o fazem beneficiam de um aumento na sobrevivência que pode ultrapassar os 4 anos e com uma grande qualidade de vida.

Neste seguimento, também Isabel Maria Magalhães refere que “nos últimos anos tem havido uma evolução no conhecimento desta patologia e nos seus tratamentos, existindo uma mudança de paradigma baseada na medicina personalizada, onde ‘não há doenças, há doentes’.”

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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