Campanha alerta para a importância do Rastreio

50% dos portugueses ainda não conhece os sintomas do cancro do intestino

Atualizado: 
04/04/2018 - 14:46
O cancro do intestino (ou cancro colorretal) é um dos tipos de cancro mais comum nos homens e nas mulheres. Segundo o relatório da Globocan 2012, o Cancro Colorretal é a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo, com cerca de 1,4 milhões de novos casos*.

Em Portugal, existem mais de 80 mil doentes ativos e 50 % da nossa população desconhece os sintomas desta patologia**.

Todos os anos surgem 7 mil novos casos e, depois do cancro do pulmão, o cancro colorretal é a doença oncológica com maior taxa de mortalidade: ainda mata 11 portugueses por dia***!

Esta doença surge maioritariamente a partir dos 50 anos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. A maioria dos casos de cancro do cólon e reto, desenvolvem-se a partir de lesões benignas (pólipos) presentes no intestino grosso que evoluem gradualmente.

É fundamental saber que esta doença tem um percurso “silencioso”, isto é, desenvolve-se ao longo de vários anos e muitas vezes sem apresentar quaisquer sintomas.

E quais os sintomas a que as pessoas devem prestar atenção?

  • Perda de sangue pelo reto / ânus ou misturado nas fezes
  • Alteração persistente dos hábitos intestinas, como prisão de ventre, diarreia e/ou fezes muito escuras
  • Cansaço e emagrecimento sem razão aparente
  • Sensação de que o intestino não esvazia completamente
  • Dor forte ou desconforto abdominal sem explicação aparente

Infelizmente, as pessoas ainda não estão conscientes para esta realidade.

Trata-se de uma doença maioritariamente assintomática e, por isso mesmo, o rastreio não pode ser desvalorizado.

Muitas vezes, as pessoas não aceitam bem o facto de terem de fazer a colheita de fezes para análise ou submeter-se a uma colonoscopia, mas considerando os ganhos em saúde, eu diria que compensa largamente o desconforto. O cancro do intestino, quando detetado a tempo, tem cura em 90% dos casos!

No entanto, a falta de literacia, junto com a falta de um programa de rastreio de base populacional, explica os números alarmantes do nosso país.

Será fundamental criar e aplicar algumas medidas como:

  • Gerar mais campanhas de sensibilização e informação;
  • Definir e implementar um rastreio de base populacional (a Direção-Geral da Saúde está a dar passos neste sentido, mas em muitas zonas do território nacional isto está longe de ser uma realidade);
  • Desmistificar o Cancro do Intestino, pois as pessoas ainda vêm a doença como algo estigmatizante e sobre o qual devam ter vergonha;
  • Ter o apoio dos Meios de Comunicação Social para disseminar o conhecimento e aumentar a literacia sobre esta patologia e o seu rastreio, sem tabus.
  • As farmácias comunitárias têm feito um esforço para informar e aumentar o conhecimento das pessoas.

A campanha “Conhece os sintomas do Cancro do Intestino?” é um exemplo disso mesmo e que chama a atenção para a Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF).

Este método de rastreio utilizado identifica pequenas quantidades de sangue nas fezes, que podem ser consequência da presença de um tumor ou de pólipos no intestino.

Através deste tipo de sensibilização conseguimos detetar casos positivos; fazer com que as pessoas possam ir ao médico atempadamente; contribuir para diminuir o número de mortes; dar mais apoio aos doentes e aos seus familiares e, acima de tudo, promover uma maior qualidade de vida!

 

*Fonte: Relatório GLOBOCAN 2012 - Agência Internacional de Investigação do Cancro
**Fonte: Spirituc / Europacolon / 2012
*** Fonte: Programa Nacional para as Doenças Oncológicas 2017

 

Autor: 
Dra. Mariana Rosa - Mestre em Ciências Farmacêuticas Coordenadora do Rastreio ao Cancro Colorretal nas Farmácias Holon
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.