Asma em Portugal

300 mil asmáticos sem controlo da doença

Atualizado: 
29/10/2019 - 12:52
A asma é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia, habitualmente, na infância, mas que atinge qualquer faixa etária. Estima-se que a asma afete quase 7% da população portuguesa e que cerca de metade dos asmáticos necessite de melhor intervenção para controlo da doença. Neste artigo a especialista em imunoalergologia, Teresa Moscoso, descreve-nos os seus sintomas e tratamento.

A asma é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia, habitualmente, na infância, mas que é transversal a todas a faixas etárias sendo a doença crónica mais prevalente na idade pediátrica.

Trata-se de uma patologia cada vez mais frequente em todos os países, acompanhando em simultâneo os padrões de desenvolvimento das sociedades. Estima-se que a asma brônquica afecte cerca de 300 milhões de pessoas no Mundo.

Em Portugal a asma afecta 6,8% da população (Inquérito Nacional de Prevalência da Asma). Estima-se que apenas 57% dos asmáticos tenham a sua doença controlada ou seja, cerca de 300.000 portugueses necessitam de melhor intervenção para controlo da doença.

Contudo, Portugal é apontado como o país da UE com menor taxa de internamentos por asma, em jovens com idade superior a 15 anos e adultos e globalmente o número de óbitos decresceu, com uma quase inexistente mortalidade na idade pediátrica!

Apresentação clínica

A asma apresenta-se habitualmente por episódios recorrentes de pieira (chiadeira no peito), dificuldade em respirar, tosse ou opressão torácica (aperto no peito) no intervalo dos quais o doente pode ou não ficar totalmente assintomático. Os sintomas variam podendo, por vezes, estar apenas presente um único sintoma como a tosse quando de predomínio nocturno ou relacionada com esforço físico. Também a sensação de opressão torácica com o esforço pode ser a única manifestação.

Factores desencadeantes

Muitos são os factores que podem desencadear/agravar a asma nomeadamente:

1. Exposição a alergénios ambientais do exterior como pólens e fun­gos ou do ambiente interior, tais como áca­ros, fungos e animais domésticos.

2. Exposição a alergénios ocupacionais - são as substâncias presentes no ambiente profissional que constituem os desencadeantes para os sintomas.

3. Exposição ambiental a fumo de tabaco e a poluentes.

4. Infecções respiratórias virais - como a gripe ou os catarros respiratórios são potentes desencadeantes de asma brônquica.

5. Exercício físico - em alguns doentes, particularmente em crianças, pode desencadear agudizações.

6. Factores psicológicos e emocionais como stress, ansiedade e/ou depressão.

7. Doenças associadas nomeadamente rinite/sinusite, obesidade, refluxo gastro-esofágico, patologia cardíaca.

Diagnóstico

O diagnóstico da asma é clínico, não exis­tindo nenhuma análise que permita um diagnóstico precoce. Para além da história clínica, os testes de sensibilização realizados no estudo da doença alérgica, as provas de função respiratória, os exames radiológicos e análises de sangue são suficientes na maioria das ve­zes para a caracterização do doente com asma.

Tratamento

O controlo da asma passa por diversas medidas sendo importante, numa primeira fase, o controlo/ prevenção de factores desencadeantes inespecíficos como as infecções virais (por exemplo, através da vacinação) ou o fumo de tabaco. Nos doentes alérgicos é importante aplicar medidas anti-alérgicas de acordo com as sensibilizações demonstradas.

Em seguida privilegiar a educação do doente promovendo a cooperação do doente, re­conhecimento dos factores de alerta e adequação da terapêutica.

Finalmente a terapêutica farmacológica que actua a dois níveis no controlo a longo prazo da inflamação das vias respiratórias e  no controlo das cri­ses e dos sintomas.

A maioria dos fármacos utilizados são admi­nistrados por via inalatória para permi­tir uma eficácia de actuação dos mesmos e reduzir os efeitos secundários.

Existem múltiplos dispositivos de inalação de fár­macos que deverão adequar-se a cada do­ente.

Os principais grupos de fármacos utilizados na terapêutica da asma são os broncodilatadores (utilizados como medicamentos de alí­vio permitindo dilatar o mús­culo brônquico que compromete a passagem de ar) e os corticosteróides (os medicamentos mais eficazes na inflamação da asma. São seguros nas doses recomendadas e praticamente sem efeitos secundários, mesmo em crianças e grávidas.)

Os fármacos de controlo terapêutico deverão ser utilizados diariamente e de forma continuada. Só assim se poderá obter o desejado controlo da doença que passa pela ausência de crises com sintomas mínimos ou inexistentes, recurso diminuto à terapêutica de alívio rápido, ausência de idas ao SU ou consultas não programadas e finalmente sem interferência nas actividades da vida diárias.

Felizmente a asma pode ser tratada e a maioria dos doentes pode atingir controlo da sua doença!

Autor: 
Dra. Teresa Moscoso - Imunoalergologista Clínica de Santo António
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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