Alertar para a prevenção

1 de dezembro – Dia Mundial da Luta Contra a SIDA

Atualizado: 
01/12/2015 - 10:13
No dia 1 de dezembro comemora-se por todo o mundo o Dia Mundial da Luta contra a Sida. Este dia assinala uma data em que todas as pessoas se unem e se consciencializam do problema que é a SIDA. É uma forma de lembrar que a SIDA existe e alertar para a sua prevenção.

Segundo dados do U.S. Department of Health and Human Services de 2012, existem no mundo 33.4 milhões de pessoas que vivem com VIH/SIDA… é um número que dá que pensar…

O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) é um vírus que, quando contraído, penetra na corrente sanguínea, reproduzindo-se de imediato no interior dos linfócitos T (ou células CD4), destruindo estas mesmas células. Os linfócitos T são elementos fulcrais no sistema imunitário, dado que são estes que dão informação às restantes células de que há necessidade de “combater” e “proteger” o organismo contra agentes invasores.

A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é caraterizada por um conjunto de sinais e sintomas de diferentes doenças (Síndrome), causada por um sistema imunitário deficitário (Imunodeficiência) que derivou de um agente externo adquirido, o VIH.

A infeção por VIH decorre em três fases
A infeção por VIH decorre em três fases distintas. A primeira fase dá-se após o contacto com o vírus Nesta fase pode haver manifestação de alguns sintomas, como mononucleose, faringite, mialgias, dor de cabeça, entre outros, ou pode não existir qualquer tipo de sintoma. Este é um período em que o vírus está extremamente ativo na corrente sanguínea, pelo que é uma fase em que o novo portador pode facilmente transmitir o vírus a outra pessoa. A segunda fase compreende-se entre as duas primeiras semanas, após contágio, podendo ir até 20 anos ou mais. Nesta fase a caraterística mais significativa é a ausência de sintomas. Durante este período o indivíduo pode recorrer a tratamento anti-retroviral, o que pode fazer com que se mantenha nesta fase durante várias décadas, sendo baixo, mas possível, o risco de transmissão do vírus. A última fase da doença, a fase conhecida por SIDA, acontece quando o sistema imunológico se encontra muito afetado, havendo maior suscetibilidade de contrair outro tipo de infeções, cancro ou outras doenças oportunistas, sendo o prognóstico, nesta fase, algo reservado.

Existem registos de ocorrência de casos de SIDA em África na primeira metade do século XX, no entanto, apenas se começou a dar a devida importância a esta doença quando se começaram a detetar casos nos chamados países desenvolvidos. Foi na década de 80, do século passado, que as comunidades científicas se começaram a preocupar com a SIDA. Esta doença começou a ser conhecida pela sociedade por ser falada na comunicação social, em especial, por atingir cantores, bailarinos, atores, entre outros. Inicialmente, os casos detetados eram maioritariamente em homens que faziam sexo com homens(1) e em indivíduos que utilizavam drogas injetáveis, pelo que se criou o estigma de que apenas estes indivíduos faziam parte do grupo de risco, no entanto, e dada a nossa atualidade, não são apenas estes os indivíduos de risco.

Os primeiros casos de SIDA foram notificados em Nova Iorque e Los Angeles em 1981, sendo que na Europa os primeiros casos foram notificados em 1987 em hospitais belgas. Os primeiros casos eram predominantemente detetados em indivíduos do sexo masculino, em especial em homens que faziam sexo com homens.

O VIH é um vírus que apenas pode afetar humanos, existindo três formas de transmissão deste mesmo vírus: uma das formas é através do sémen e de fluídos vaginais durante a relação sexual sem uso de preservativo, pode ocorrer também através de contacto sanguíneo, ao partilhar agulhas e seringas, ou através de objetos cortantes contaminados (lâminas de barbear, objetos cirúrgicos, material de manicure, piercing, tatuagens ou material de furar orelhas, agulhas de acupunctura, entre outros), ou então por transmissão mãe/filho, durante a gravidez, no parto ou na amamentação.

No que diz respeito à relação sexual, a transmissão de homem para mulher é mais comum do que de mulher para homem, dado que o sémen é mais virulento do que os fluídos vaginais. Tendo em conta os diferentes tipos de relação sexual, a transmissão do vírus pode ser feita tanto na relação vaginal, como na anal, como na relação oral, sendo que a relação anal é a que traz mais riscos.

Os indivíduos mais suscetíveis a contrair o VIH são aqueles que praticam atividade sexual com múltiplos parceiros sem uso de preservativo, os utilizadores de drogas injetáveis que partilham as suas agulhas, as seringas e o material de preparação de drogas, e os profissionais de saúde pelo permanente contacto com objetos cortantes ou perfurantes que podem estar contaminados, podendo haver acidentes que provoquem a sua transmissão.

O diagnóstico do VIH
O diagnóstico do VIH é feito através de análises ao sangue, podendo ser feito laboratorialmente ou em testes rápidos (existentes em algumas unidades de saúde). O diagnóstico, tendo em conta as fases da infeção por este vírus, pode não ser eficaz nos primeiros dias após o contágio, pelo que deve ser efetuado sempre que necessário, mas no caso de dar negativo e ter havido comportamento de risco deve ser repetido 3 a 4 semanas e 3 meses depois do primeiro teste.

No que diz respeito ao tratamento desta doença, temos ao nosso alcance medicação anti-retroviral que retarda a doença, mas que não cura… Ainda não existe cura para neutralizar o vírus da SIDA!

O VIH em Portugal
Desde 1983 até 2014, foram diagnosticados com infeção por VIH, em Portugal, 53072 indivíduos (72.3% homens e 27.7% mulheres), tendo 28.9% deste indivíduos chegado à fase SIDA. Dos indivíduos diagnosticados no ano de 2014 (1220 indivíduos) 71.2% encontram-se com as idades compreendidas entre os 20 e os 49 anos. Nestes 1220 casos, a categoria de transmissão do vírus é identificada em 60.5% como sendo heterossexual, 31.8% são homens que fazem sexo com homens, 3.9% são utilizadores de drogas injetáveis, e 0.7% são transmissões mãe/filho. A transmissão por via sexual é a mais evidente (92.3%), tendo aumentado, relativamente a anos anteriores, os novos casos em homens que fazem sexo com homens; pelo contrário, os novos casos em utilizadores de drogas injetáveis diminuiu, o que coloca Portugal abaixo (de uma forma positiva) dos valores médios europeus.

Prevenir é o caminho!
- Não partilhe agulhas, seringas, material de preparação de drogas ou materiais cortantes com ninguém!
- Utilize o programa “TROCA DE SERINGAS – Diz não a uma seringa em segunda mão”!
- Se não tiver confiança no local, não faça tatuagens, piercings, aplicação de brincos, acupunctura ou manicure; tente obter sempre informações sobre o local em causa, peça para ver como trocam material entre clientes e onde e como lavam, desinfetam e esterilizam os seus materiais!
- Use SEMPRE PRESERVATIVO! Não confie nas aparências… o seu parceiro, aparentemente saudável, pode ser a sua via de infeção!

(1)Terminologia utilizada atualmente que substitui o termo homossexual.

Bibliografia
- Jacobs, G. & Kerrins, J. (1988). Dossier Sida; Ática: ISBN: 789726170457
- Centers for Disease Control and Prevention HIV/AIDS.  http://www.cdc.gov/
- Direção-Geral da Saúde (novembro de 2015). PORTUGAL - Infeção por VIH, SIDA e Tuberculose em números - 2015. Lisboa: Ministério da Saúde.

Autor: 
Ângela Quinteiro - Enfermeira Especialista na USF Viriato Viseu
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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