Otite

Otite é o termo médico usado para definir as infecções do ouvido. Esta infecção pode ocorrer no ouvido externo ou médio e ser aguda ou crónica.

O ouvido, cujas funções são a audição e equilíbrio, possui três divisões. A primeira o ouvido externo, onde está o canal auditivo, a segunda o ouvido médio, onde se encontram o tímpano, a bigorna, o martelo e o estribo e a última o ouvido interno, onde se concentram o estribo, o nervo auditivo e o caracol (também conhecido por cóclea).

A infecção do ouvido externo é chamada otite externa e do ouvido médio é chamada otite média.

Otite média
A otite média é uma inflamação persistente da mucosa do ouvido médio. Surge, normalmente, após gripes, constipações e infecções de garganta, já que os vírus e bactérias que infectam o nariz e a garganta atingem o ouvido médio através da trompa de Eustáquio.

É uma das doenças mais comuns durante a infância. Em média, aos 12 meses de idade, cerca de 2/3 das crianças já registaram pelo menos um episódio de otite média aguda e, aos 3 anos cerca de 46% já registaram 3 ou mais episódios. Os maiores picos de incidência ocorrem normalmente entre os 6 e 11 meses (pico mais importante) e os 4 e 5 anos de idade. Mas pode ocorrer em pessoas de qualquer idade.

Neste tipo de otite, o tímpano fica inflamado e pode inchar. Caso rebente, forma uma secreção líquida de sangue e pus, habitualmente acompanhada por dor intensa. Portanto, a dor de ouvidos é o sintoma mais frequente, mas pode também manifestar-se por perda de audição temporária, febre, náuseas, vómitos e secreção de pus no ouvido.

O agente infeccioso que provoca a otite com maior frequência é o streptococcus pneumoniae. A vacina antipneumocócica conjugada, que não integra o Programa Nacional de Vacinação, diminui o número de casos de otite nas crianças.

Otite externa
A otite externa é mais frequentemente causada pela infecção por bactérias e fungos. Na maior parte das vezes, eles penetram através de lesões na pele que cobre o canal auditivo externo provocadas por objectos (cotonetes, por exemplo), por atritos ao coçar ou secar o ouvido e pelo contacto com água contaminada (mar, piscina, banhos).

O contacto frequente com a água pode facilitar a remoção da cera que serve de protecção ao canal auditivo. Por isso, a otite externa também é conhecida como otite dos nadadores. Provoca dor intensa e diminuição da audição. Em alguns casos, podem aparecer secreção e comichão. O diagnóstico é feito considerando os sintomas e por meio do exame otológico que permite visualizar o interior do ouvido.

Otite média aguda
A otite média é a segunda doença infecciosa mais comum na infância, após as infecções das vias aéreas superiores. A otite média aguda é uma infecção por bactérias ou vírus que provocam inflamação e/ou obstruções e que, se não for tratada pode levar à perda total da audição.

Costuma ocorrer durante ou logo após gripes, constipações, infecções da garganta ou respiratórias. Os vírus e bactérias, normalmente infectando o nariz e faringe, seguem pelo canal auditivo e causam uma acumulação de pus dentro do ouvido médio. A pressão exercida por esta secreção provocará dor, febre e diminuição da audição. Algumas vezes chega a ser tão intensa que leva à ruptura da membrana timpânica e á saída de secreção purulenta misturada com sangue pelo canal exterior (otite média aguda supurada).

Os principais sintomas são, portanto, a dor muito forte, diminuição da audição, febre, falta de apetite e secreção local. O diagnóstico baseia-se no levantamento dos sintomas e no exame do ouvido com aparelhos específicos como o otoscópio.

Otite média crónica
A otite média crónica é uma infecção duradoura do ouvido provocada por uma lesão permanente (perfuração) do tímpano. A perfuração do tímpano pode ser causada por uma otite média aguda, pela obstrução da trompa de Eustáquio, por uma lesão causada por um objecto que entre no ouvido, pelas alterações bruscas da pressão atmosférica ou pelas queimaduras provocadas pelo calor ou por produtos químicos.

Habitualmente, estas otites têm uma duração de 3 meses ou mais e é a principal responsável pela falta de audição nas crianças.

Os sintomas dependem da parte do tímpano que estiver perfurada. Se o tímpano apresentar uma perfuração central (um orifício no centro), a otite média crónica pode agravar-se depois de uma infecção do nariz e da garganta, como na constipação comum, ou depois de ter entrado água no ouvido médio durante o banho ou ao nadar. Geralmente, estes agravamentos são causados por bactérias e provocam um corrimento indolor de pus, que pode cheirar mal, proveniente do ouvido. As exacerbações persistentes podem provocar a formação de protuberâncias chamadas pólipos, que se estendem desde o ouvido médio, atravessam a perfuração e chegam ao canal auditivo. A infecção persistente pode destruir partes dos ossículos, os pequenos ossos do ouvido médio que comunicam os sons captados pelo ouvido externo ao ouvido interno, provocando uma perda auditiva de tipo condutivo.

O tratamento da otite média crónica inclui o controlo da infecção (utilizando em geral gotas tópicas), uma protecção contra a entrada de água no ouvido e até mesmo o tratamento cirúrgico. A cirurgia visa evitar novas infecções e secundariamente tentar recuperar a audição que restou daquele ouvido.

Otite média serosa
A otite média serosa evolui de forma aguda e manifesta-se por uma súbita sensação de peso ou pressão no ouvido, caracterizando-se pela presença de secreção inflamatória (serosa), embora a causa da inflamação não seja uma infecção, mas uma falha funcional ou uma obstrução da trompa de Eustáquio, o canal que drena as secreções e regula e pressão interna do ouvido médio. As causas mais frequentes da falha funcional ou obstrução das trompas de Eustáquio são as constipações repetidas, as vegetações adenóides e as alterações bruscas da pressão externa, muito habituais na prática de actividades submarinas e nos desportos de altitude. Geralmente ocorre perda auditiva e otites agudas de repetição.

Recomendações e prevenção das otites

• Evite o uso de cotonetes, pois podem retirar a cera protetora do ouvido ou empurrá-la para dentro do canal auditivo ou até mesmo ferir;
• Utilize protectores macios nos ouvidos para evitar a entrada de água quando nadar;
• Limpe, com frequência, as secreções nasais provocadas por gripes e constipações, por forma a evitar que estas se acumulem no nariz e na garganta, especialmente nos bébés e crianças pequenas;
• Nunca amamentar o seu bébé deitado. Esta posição favorece a entrada de líquidos no seu canal auditivo que predispõe a infecções;
• Não introduzir objectos para limpar ou coçar o ouvido que possam ferir a pele;
• Para secar as orelhas utilize uma toalha macia enrolada na ponta do dedo e com cuidado;
• Cuidado com a automedicação, procure sempre o conselho do seu médico ou farmacêutico e não siga sugestões de conhecidos para aliviar as dores de ouvidos. Tenha em atenção que leite do peito, ervas, azeite, entre outras “Mezinhas”, NÂO devem ser colocados dentro do ouvido);
• Procure atendimento médico sempre que apresentar dores de ouvidos, comichão intensa ou diminuição de audição.

Fonte: 
Sapo Saúde
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.